terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os Pontos Concretos de Esforço na vida de casal

Uma das grandes descobertas quando do surgimento do movimento das Equipes de Nossa Senhora foi a possibilidade e a necessidade de uma espiritualidade conjugal dentro do sacramento do Matrimônio. Em outras palavras, descobriu-se que a santidade é possível também vivendo como marido e mulher. O sacramento do matrimônio transformou-se, a partir daí, num ponto de partida, e não mais num ponto de chegada. 

Para alcançarmos a santidade é necessário percorrermos um itinerário de aprendizado, revisão e conversão constante. É por isso que no movimento das Equipes de Nossa Senhora, a espiritualidade conjugal é vivida com o auxílio dos Pontos Concretos de Esforço, mais conhecido como PCE´s. 

Os PCE´s são como que a institucionalização do que já deveria ser vivido por todos os casais que abraçaram o sacramento do matrimônio. Ao institucionalizar algo, busca-se a legitimidade e a continuidade. Ao mesmo tempo, os Pontos Concretos de Esforço devem ser uma constante retomada à nossa opção primeira. Opção esta que me fez deixar a segurança da família para nos unirmos em aliança, com as bênção de Deus, com aquele(a) que é o(a) destinatário(a) por excelência do nosso amor. Para que o matrimônio seja sempre fortalecido e ressignificado, é importante não perdermos de vista a nossa opção primeira. 

Animados por dois jargões: “Recordar é viver” e “A Filosofia é a arte da repetição”; vamos retomar os seis pontos concretos de esforço: 

ESCUTA DA PALAVRA – MEDITAÇÃO – ORAÇÃO CONJUGAL – DEVER DE SENTAR-SE – REGRA DE VIDA – RETIRO ANUAL. 

A Escuta da Palavra é a oportunidade de nos colocarmos na condição de ouvintes e atentos à vontade de Deus. É o Cristo que se faz presente pela sua palavra sempre viva e atualizada; Na Meditação, busca-se a sensibilidade para perceber o que Deus está querendo me dizer e o que quer de mim. 

Na celebração do Matrimônio, apesar de ser sinal de um sacramento que assumimos a dois, há momentos que aludem à importância de nossa individualidade, como na parte chamada diálogo e consentimento, onde os cônjuges respondem de forma individual a três perguntas que estão relacionadas a três aspectos essenciais do Matrimônio: a liberdade, a fidelidade e o compromisso. Para fazermos o nosso cônjuge feliz, precisamos antes de tudo, ser pessoas felizes! É por isso que os dois primeiros pontos concretos são convites a saborearmos a nossa individualidade, para, a partir daí, partirmos para a Oração Conjugal. Neste terceiro ponto concreto, contemplamos um encontro entre “marido e mulher”, no qual se dirigem ao Senhor, pedindo sensibilidade para perceberem a sua vontade e para que Ele ative as graças do sacramento. 

No Dever de Sentar-se, temos a graça de um diálogo com Deus, no qual falamos e escutamos o nosso cônjuge, ao mesmo tempo em que escutamos Deus, falando por nossa boca e pela de nosso parceiro. Deve ser um diálogo verdadeiro, repleto de muita franqueza e caridade, no qual cada um se esforça para não manipular nem enganar o outro. 

Na Regra de Vida, partimos para questões práticas resultantes de nossa experiência de Deus e da vida em casal. É um propósito que assumimos a fim de caminharmos com mais firmeza para a santidade, vivendo com mais paz e amor em família. 

No Retiro Anual, muito mais importante do que o pregador, somos cada um de nós, é a atitude de reflexão e de encontro, para o qual se deve dedicar tempo suficiente. Através do Retiro, nós buscamos um encontro mais pessoal com Deus, ao mesmo tempo em que é sinal de nossa abertura, a fim de que o matrimônio que abraçamos seja inserido no Plano de Deus. É no retiro que se busca planejar a vida de casal na presença de Deus. 

Para assimilarmos as atitudes propostas pelos PCE´s, é necessário disposição e assiduidade, uma vez que só a repetição faz nascer os hábitos em nossa vida. É por isso que se usa os adjuntos adverbiais de modo e de tempo como: “assiduamente”, “cada dia”, “cada mês”, “cada ano”. 

O amor conjugal é um sinal do amor de Deus e, paradoxalmente, é vulnerável. É por isso que precisa de cuidados contínuos. O amor precisa sempre ser recordado, celebrado, tornado presente, caso contrário, se apaga, esmorece e morre. O amor é celebrado, atualizado e fortalecido em cada rito de encontro como celebração de datas importantes na vida de casal, encontros, recordações, músicas, palavras etc. Da mesma forma. Uma vida cristã sem ritos de encontro, que se destinam a atualizar em nós o amor e a presença de Deus dilui-se, perde coesão, não se transforma, não cresce. 

Os pontos concretos compõem o momento da partilha da reunião de equipes. A partilha é um esforço conjunto de entreajuda espiritual, para que juntamente com os outros casais de nossa equipe de base, avancemos juntos num caminho de conversão. Vale ressaltar aqui a importância tanto de falar como de escutar, no momento da partilha, a fim de que possamos ajudar e ser ajudados. 

O momento da partilha é sempre difícil porque na reunião, quando nos damos conta das nossas fraquezas e defeitos, é difícil aceitar. Dizer em voz alta e com franqueza nas reuniões “não fiz”, “não tive tempo”, “fizemos ‘meia boca’”, nos coloca diante da diferença entre o que dizermos e o que realmente fizemos. 

Isto porém, deve ser um convite constante à melhoria. A humildade em reconhecer os nossos defeitos e limitações e ao mesmo tempo a nossa disposição em buscar fazer melhor da próxima vez, é um belo testemunho de busca daqueles que almejam, mesmo diante das limitações e dificuldades, a configuração ao Cristo Mestre que nos ama e quer a nossa felicidade. 

Pe. Samuel Alves Cruz, sds 
SCE Equipe 7B - Jundiaí/SP 

*Texto usado no Retiro Anual das ENS Jundiaí (14 a 16 de Setembro de 2012)

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